STEVEN WHITE
( ESTADOS UNIDOS )
Stephen Walsh White (nascido em 20 de agosto de 1951, em Long Island) é um escritor americano de livros de suspense, mais conhecido pela série Dr. Alan Gregory. Além disso, White formou-se em psicologia, área na qual obteve PhD.
Ele viveu em Nova York, Nova Jersey e no sul da Califórnia. Ele estudou psicologia na Universidade da Califórnia e obteve em 1979, recebeu o PhD da área na Universidade do Colorado. Stephen especializou-se no estudo dos efeitos psicológicos provocados por problemas conjugais, principalmente nos homens. Ele trabalhou durante algum tempo como psicólogo de crianças com câncer no The Children's Hospital, em Denver. Stephen é portador de esclerose múltipla; foi diagnosticado em 1986, mas já apresentava sintomas da doença dez anos antes disso. Uma das personagens de sua série Dr. Alan Gregory, Lauren Crowder, também sofre da doença, embora ele tenha afirmado que sintomas da personagem não são idênticos aos apresentados por ele.
White começou a escrever seu primeiro livro em 1989, e, após terminado, levou cerca de um ano para que conseguisse que uma editora o publicasse, até que seu manuscrito foi aceito por uma. Stephen teve 17 livros publicados, entre 1991 e 2009, com parte deles entrando na lista de bestsellers do The New York Times. Atualmente, ele vive no Colorado com sua família.
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia. Ano XV. No. 24 Editor Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995. 150 p.
Ex. na biblioteca de Antonio Miranda
Under Her Window: Ouro Preto
I imagine her building a life here
with pieces of New England,
that enslaves my breath, mines my steps.
Leaving and entering shadow
as they move on steep, cobbled streets,
there area children dressed as angels
for Corpus Christi. I see the empty tombs
of rebels and time´s broken fingers on display.
Now I walk the high road that goes to Maraina.
It passes the Vila Mariana:
Elizabeth Bishop named her home
in Ouro Preto after Marianne Moore,
as it by coming here she could wrest
poems from her mentor´s presence.
Bishop bought a ruined dwelling,
wrecked verse from another era
collapsed on stacked flat stones.
She rebuilt, but the seteiras:
vertical slits of fear that once opened
onto a colonial world of arrows and attacks.
She had a mantel-work of x-ray art: window
into lines of leather-bound vegetable and mineral
by some anonymous Brazilian Shakespeare.
She had her imported bathtub and woodstove.
She had a shaded room invaded by a stream o spirits.
She had a garden for all her anguish.
Her view of this jewel of a city must have broken
those refractory New England dreams in Minas.
And now I am under her window
where she, the unobservable foreigner,
listened to herself and to the voices
of all those who drank the fountain´s ice-cold water.
This home and its visitors are part of her geographies.
If I, too, am producing a map in progress,
I also become the places that create me.
I walk down to the city in darkness
illuminated by splendid façades.
Foto de Ouro Preto – Minas Gerais/Brasil
Sob Sua Janela: Ouro Preto
Imagino-a construindo uma vida aqui
com pedaços de Nova Inglaterra,
escrevendo sobre um passado de pedra neste Brasil
que escraviza meu fôlego, mina meus passos.
Saindo e entrando nas sombras
enquanto eles vão por ruas íngremes, de pedras arredondadas
há meninos vestidos de anjos
para o Corpus Christi. Vejo os túmulos vazios
dos rebeldes e expostos os dedos quebrados do tempo.
Agora estou na alta estrada que leva a Mariana.
Ela passa pela Vila Mariana:
Elizabeth Bishop deu o nome de Marianne
como se, vindo para cá, pudesse arrancar
poemas da presença da mentora.
Bishop comprou uma casa aos pedaços
poesia destroçada de outros tempos
caída em lajes planas, jogadas.
Ela reconstruiu, mas preservou as seteiras,
estreitos vãos verticais do medo que uma vez deram
a um mundo colonial de setas e ataques.
Ela tinha sobre o fogão uma obra de arte raio-x: uma janela
para versos vegetais e minerais encadernados em couro
de um anônimo Shakespeare brasileiro.
Ela tinha uma banheira e uma estufa à lenha importadas.
Tinha um quarto com sombra invadido por uma corrente de espíritos.
Tinha um jardim para toda sua angústia.
Sua visão desta joia de cidade deve ter desfeito
os sonhos refratários da Nova Inglaterra sem Minas.
E agora estou sob a sua janela
onde, estrangeira inescrutável,
ela escutava a si mesmo e as vozes
de todos os que bebiam a água gelada da fonte.
Esta casa e as visitas fazem parte de suas geografias.
Se eu também estou produzindo um mapa em curso
também seu me torno os lugares que me criam.
Desço à cidade às escuras
iluminado por esplêndidas fachadas.
Tradução de Válter Carlos Costa
Florianópolis/SC – Brasil
Praça Tiradentes, em Minas Gerais- Brasil.
TEXT IN ENGLISH - TEXTO EM PORTUGUÊS
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia Ano XIX – NO. 28/29. Editor: Guido Bilharino. Uberaba, MG: 1999. 312 p. No. 10 883
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
crossing the plain of patience
The return from our past was always painful.
Because it wasn´t as if we had regained life,
but that we had lost it once again
in the earth covered with what grows.
We found ourselves
thinking of the barren place,
remembering how we would cross
the plain of patience
and navigate dunes in fierce winds
below a sun that watched us like an open wound.
Here was the paradise we could seek forever.
Only our particles dispersed like light.
Only the alternate deserts of our lives.
Only the absence of desire.
Where we left our dreams
and flooded our fields
and measured each syllable of water,
was the edge of the oasis.
Then we would step into desolation
and a stronger vision:
the night so clear
we could hear the stars
and the dead who had slept like babies
in their womb of sand
as they soared over the great necropolis.
The desert rocks were our eyes—
bare, beyond moisture, ductless.
It made no sense to weep
for trees that never were.
There was no longing for the life
that shriveled and blew through immensity
or for all the lives that disappeared
in the void of history.
For the desert was the emptiness that grew
within us and, here, our prayers
rose without fear from a handful of dust.
Everything we could have known
knelt before us
as if we were greater than what we knew.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Válter Carlos Costa
cruzando a planície da paciência
A volta de nosso passado sempre dolorosa.
Porque não era como se recobrássemos vida,
mas que tínhamos perdido de novo
na terra coberta com o que cresce.
Nos surpreendemos
pensando no lugar baldio,
lembrando como cruzávamos
a planície da paciência
se navegávamos dunas com ventos ferozes,
sob um sol que nos fitava como ferida aberta.
Ali estava o paraíso que podíamos procurar eterna-
[mente.
Apenas nossas partículas dispersas como luz.
Apenas os desertos alternados de nossas vidas.
Apenas a ausência do desejo.
O lugar onde deixamos nossos sonhos
e inundamos nossos campos
e medimos cada sílaba de água,
era om limite do oásis.
Então adentrávamos na desolação
e numa visão mais forte:
a noite tão clara
que podíamos ouvir as estrelas
e os mortos que tinham dormido como bebês
no seu útero de areia
e agora planavam sobre a grande metrópolis.
As pedras do deserto eram nossos olhos,
mas, além da umidade, sem ductos.
Não fazia sentido chorar
por árvores que nunca foram.
Não havia saudade da vida
que murchou e se esvaiu na imensidão
nem de todas as vidas desaparecidas
no vácuo da história.
Porque o deserto era o vazio que cresceu
dentro de nós e, ali, nossas preces
se ergueram sem medo de um punhado de pó.
Tudo o que podíamos ter sabido
se ajoelhou ante nós
como se fôssemos maiores do que sabíamos.
*
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Página publicada em junho de 2024
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